quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Importância da disciplina da Prática de ensino de Educação infantil

A contribuição da disciplina Prática de Ensino para o curso de Pedagogia é de fundamental importância dentro do processo de construção de diferentes saberes sobre ensino-aprendizagem, que nos são oferecidos em conjunto com as disciplinas de Fundamentos. Trabalhar estes conceitos de maneira objetiva, tendo sempre o respaldo de teóricos que venham a contribuir de maneira significativa, elevando a nossa prática e nos fazendo superar o nível de senso comum. Assim, este artigo em especial, tem entre seus objetivos revelar a importância da disciplina Prática de Ensino dentro do curso de Pedagogia bem como idéias e experiências vivenciadas na pré-escola, levando os leitores a uma reflexão e buscando deixar uma mensagem de esperança. Esperança no futuro da Educação Infantil do nosso país.

Palavras Chave: conhecimento, construção, planejamento, educação infantil,Movimento.



1. INTRODUÇÃO

A disciplina de Prática de Ensino nos acompanha desde o 3º semestre do curso de Pedagogia e em conjunto com a disciplina de Fundamentos nos revelam caminhos entre a teoria e a prática pedagógica.
Sendo este um dos grandes desafios a serem superados, pois na teoria quase sempre se diz uma coisa, e na prática as coisas tendem a mudar, busquei no decorrer do curso conciliá-las e encontrar um caminho que me levasse a algumas respostas.
Muito se aprende nesta disciplina, mas o aprendizado é doloroso, pois implica em fazer mudanças interiores. Muitas horas dedicadas à leitura de livros, resenhas, análises reflexivas sobre a nossa prática, enquanto acadêmicas e no meu caso como profissional também, atuando na área já há 10 anos. É todo um reconstruir em cima de conceitos cristalizados onde o novo tende sempre a assustar um pouco.
Penso que a disciplina de Prática criou em mim muitos conflitos interiores, comecei a repensar muito a minha forma de trabalhar, me dei conta da pouca leitura que tinha e do pouco conhecimento científico que possuía acerca dos teóricos em questão. Senti necessidade de mais leitura, pois para realizar um projeto faz-se necessário conhecer um pouco mais das teorias, e tudo isso acabou fazendo com que eu mudasse a minha forma de pensar Educação. Hoje, sei que valeu a pena, me sinto mais segura e consciente do meu papel como pedagoga.


2. DESENVOLVIMENTO:

A concepção de Infância é um conceito que varia muito de cultura para cultura. “A idéia de infância [...] não existiu sempre, e nem da mesma maneira. Ao contrário, ela aparece com a sociedade capitalista, urbano – industrial, na medida em que mudam a inserção e o papel social da criança na comunidade”.(KRAMER, 1992, p19).
Para trabalhá-la em uma perspectiva histórica temos que compreendê-la como resultado de relações sociais que produzirão uma consciência das particularidades infantis.
Aqui no Brasil este conceito de Infância foi construído a partir das relações sociais estabelecida que não levava em conta a essência ou natureza da criança, pois se vivia em um processo de desenvolvimento e urbanização, favorecendo o surgimento da miséria e da pobreza.
Com isto, as mais prejudicadas foram às crianças surgindo às creches e asilos mantidos por serviços de filantropia para que as mães pudessem trabalhar, sem, no entanto haver nenhum compromisso com o pedagógico.
No dias atuais, a constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a proposta de Política de Educação Infantil elaborada pela COEDI/MEC e, por último, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9394), de 20 de dezembro de 1996, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (artigo 29).
Penso que a função da pré-escola deva ser pedagógica, pois mais importante do que alfabetizar a criança é prepará-la para esta alfabetização oferecendo um ambiente rico em estimulações, que sem dúvida são essenciais ao desenvolvimento psicomotor pleno e saudável. “Uma criança cujo desenvolvimento psicomotor ocorre harmoniosamente, estará equipada para uma vida social próspera”.(DE MEUR e STAES, 1989, p.19).
A escola escolhida para a aplicação do projeto foi a E.E.B. Luiz Delfino, localizada no bairro Petrópolis, na cidade de Blumenau. As 23 crianças tinham entre 5 e 6 anos de idade e estudavam no turno vespertino.
Com exceção do período de observação no semestre passado, nunca havia tido nenhum contato com a pré-escola. Sei achei que lá era lugar de brincar e de fazer desenhos. Hoje, tudo mudou, inclusive a minha concepção sobre brincadeiras e sobre os desenhos.

“Quando brinca a criança assimila o mundo a sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui”.(PIAGET apud KISHIMOTO, p59).


O projeto caminhou pela rotina na pré-escola, onde através de atividades diferenciadas buscou-se quebrar com a monotonia do dia-a-dia. Para mim foi uma experiência bastante nova, pois pude perceber o quanto à linguagem e a interação são importantes numa turma de pré-escola. Uma vez que eles não usam a escrita, a fala acaba tornando-se um dos instrumentos mais valiosos para que a comunicação aconteça.
Para Vygotsky a linguagem é entendida como um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos, elaborada no curso da história social, que organiza os signos em estruturas complexas e desempenha papel imprescindível na formação das características humanas. (REGO, 1999, p.53).
De fato entendi a sua importância e acredito que muito contribuirá para minha prática daqui para frente. É interessante observar que existem muitos tipos de linguagens: oral, pictórica, gestual, mas eu só via a linguagem escrita, que nada mais é do que o produto final de todas as linguagens citadas anteriormente.
Foram dias muito agradáveis onde voltei a ser criança, participei das brincadeiras, dancei, cantei, liberei de forma despreocupada a criança, já um pouco adormecida dentro de mim.
Muitas coisas me chamaram a atenção durante o estágio: o depoimento de uma criança que disse que a sala de aula era muito bonita e colorida, mas quem fazia tudo era a professora, a sinceridade de outra que no último dia do estágio disse já estar cansada de fazer roda. Uma outra criança, que apesar de possuir uma oralidade perfeita, tinha problemas sérios de coordenação motora ampla e fina. 
Durante a avaliação, que sempre era feita no final de cada dia, uma das crianças disse ter adorado a organização das carteiras (uma de frente para outra), pois se podia olhar no rosto do amigo.
Aprendi também a importância de se fazer avaliação junto com os alunos, não aquela avaliação clássica com o objetivo de medir, pois “é preciso analisar criticamente essa prática, pois o fato de os alunos serem o único “objeto” da avaliação revela a estrutura de poder e autoridade da grande maioria das instituições escolares”. (KRAMER, 1989, p.94).
Pude perceber um universo muito grande dentro de uma sala de aula, basta que estejamos atentos, sabendo como e de que maneira interferir.

3. CONCLUSÃO:

Ao longo deste artigo evidenciou-se a importância da disciplina Prática de Ensino, bem como das disciplinas de Fundamentos da Pré-Escola para minha formação como pedagoga. Muitos teóricos foram lidos, tendências pedagógicas citadas e caminhos apontados. Consegui, ao longo deste semestre perceber a importância de ter claras as minhas concepções de aprendizagem, construídas ao longo destes quase quatro anos de graduação.
“A motivação para aprender nada mais é do que o reconhecimento, pelo indivíduo, de que conhecer algo irá satisfazer suas necessidades atuais e futuras [...] uma pessoa motivada para aprender constrói o conhecimento mais prontamente do que uma sem motivação” (DAVIS & OLIVEIRA, 1993 p.84 e 85).
Construí conhecimento ao longo destes anos, mas tenho bem claro que ainda não foram suficientes. Muitos outros livros me esperam, teóricos que desconheço, concepções, métodos, caminhos a seguir. 
Afinal escolhi a educação e não dá para imaginá-la sem conhecimento, busca, novidades, movimento.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DAVIS, Cláudia, OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. 2ªed. São Paulo: Cortez, 1993.

DE MEUR, A, STAES, L. Psicomotricidade educação e reeducação. São Paulo: Manole, 1989.

KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo e brincadeira e a educação. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.

KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. São Paulo: Cortez, 1996.

KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos: uma alternativa curricular para a educação infantil. São Paulo: Ática, 1989.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky – uma perspectiva histórica cultural da educação. 7ªed. Petrópolis: Vozes, 1999.